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Bayard Boiteux: O Rio de Janeiro, o Forte do Leme e a Cobal do Humaitá

Na última quinta-feira, aproveitei o de confinamento para visitar o Forte Duque de Caxias, vulgarmente conhecido como forte do Leme. É um local que tenho o hábito de usufruir de suas belezas constantemente, mas foi a primeira vez que o fiz durante a pandemia, pois acabou de abrir para visitação pública, gratuita, respeitando todos os protocolos de segurança, desde a chegada. Os fortes desempenham papel fundamental no turismo carioca e estão se estruturando muito bem para receber moradores e os que visitam nossa Cidade. É um orgulho, pois nos permitem contemplar belezas únicas do Rio.

Conhecido também, como forte do Vigia, foi construído sob o governo do Vice-rei Luís de Almeida Portugal, na iminência de uma invasão espanhola, que acabou tendo lugar em 1777. Ele foi guarnecido e desguarnecido algumas vezes e em 1935,passou a adotar o atual nome. O entorno do Forte faz parte da Apta do Morro do Leme. Implantado no topo de um costão rochoso, preserva em seus 28 hectares, vegetação remanescente da Mata Atlântica.

A temperatura amena permitiu que atingíssemos o topo, através de uma trilha ascendente, que é toda pavimentada, em aproximadamente 20 minutos. O dia estava um pouco nublado, mas descortinamos paisagens cheias de magia ao longo do caminho. Parecia que o local era privativo para nós e os micos, borboletas, pássaros que avistamos em vários momentos nos traziam gosto de sustentabilidade e apreço pela natureza. O mirante da Bandeira, no portão de armas em cantaria e os quatro bolseiros Krupp de 280 mm nos remetem às lutas ali travadas. Em 2010, após uma reforma passou a contar com um memorial a Caxias, exposição fixa sobre a história do Forte e um espaço para exposições temporárias locais dispõe de banheiros, que estavam em ótima conservação, mas falta uma loja de suvenires, que poderia gerar uma receita extra, para o local e talvez incentivarem os artesãos do entorno a produzirem algumas peças que marcassem a visita. Não existe, no momento, nenhuma lanchonete também, o que sem dúvida alguma contribuiria para aprimorar ainda mais a experiência, que nos foi proporcionada. Pelo menos com a comercialização de água mineral e de biscoitos empacotados neste momento.

Normalmente, o ideal é almoçar no Bar do David, na Mangueira, com sua feijoada de frutos do mar e seus quitutes pela proximidade, mas como ia visitar minhas irmãs no Humaitá e Jardim Botânico, optei pela Cabal do Humaitá. Morei quase dez anos na Rua Humaitá, no American Flat e fiz da Cobal, uma parada obrigatória com suas floriculturas, restaurantes, lojas e seu sofisticado supermercado Farinha Pura. Cabal é abreviação de Companhia Brasileira de Alimentos, criada no governo João Goulart, para escoar a produção agrícola nos grandes centros urbanos. Foi instalado um supermercado Cobal, para atender famílias de baixa renda, que não existe mais. O local se mantém a duras penas em função da especulação imobiliária mas com a força das Associações de Moradores do entorno e sua família de fãs, há de se manter …

Passamos pelo “Joaquina”, mas o mesmo está lotado, sem o distanciamento adequado entre as mesas. Os demais locais cumprem os protocolos sem deixar de nos encantar. Optamos pelo “Antigo Empório”. Os pratos sugeridos chegam rapidamente, assim como as bebidas e as sobremesas. Os doces portugueses, como sempre, uma delícia. O serviço nota dez e com muita cordialidade. São os pequenos detalhes que marcam nossa memória gastronômica e nos fazem divulgadores dos locais. Dou uma fugida no Capitão Salomão, onde deixamos o carro e compro o pão de abobrinha, na Botânica Bistrô, para meu lanche noturno.

Haja coração!

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor, funcionário público e trabalha de forma voluntária no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.(www.bayardboiteux.com.br)

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