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Bayard Boiteux: A imagem turística do Rio de Janeiro e a consciência coletiva

A cidade do Rio de Janeiro sempre foi conhecida no mundo e no Brasil pela alegria da população e sua hospitalidade. As pesquisas constantemente apontam o carioca, como o grande diferencial da oferta turística. Tal fato significa que ele é um elemento fundamental na venda do destino e na forma como o Rio é visto. Por conseguinte, a maneira como se comporta em diversos locais e situações é um fator determinante muitas vezes para a escolha da cidade maravilhosa, além de suas belezas naturais e sua infraestrutura.

Hoje, vivemos uma pandemia repleta de incertezas e muitas perdas, que afetam nossos irmãos que aqui moram. E um momento de muita angustia que gera alguns transtornos emocionais por força do isolamento social necessário, para que possamos de alguma forma tentar reduzir a curva e minimizar os impactos que o covid vem causando.

Algumas ações começaram a ser levadas a cabo pelas autoridades locais, dentro de um pseudo planejamento de volta ao normal, de forma gradativa. Sinceramente não me parece ser o momento mais adequado para tais providências, sobretudo por ainda estarmos caminhando num terreno desconhecido e não termos uma politica especifica e que junte municipio, estado e união nas diretrizes que devem ser tomadas. As tomadas de decisão não conseguem se coadunar com um projeto único e levam a várias situações esdruxulas, como abertura de shoppings.

Os protocolos de segurança que nos chegam mostram a necessidade de se usar máscaras, de se manter um distanciamento entre as pessoas, de evitar aglomerações ou ainda transportes públicos lotados. Tais medidas servem para preservar os colaboradores das empresas que oferecem serviços imprescindíveis para a continuidade de nossas vidas assim como os moradores da cidade.

Tenho infelizmente observado em vários locais um descumprimento de todas as normas. Vejo pessoas sem mascara nas ruas, se aglomerando em bares, restaurantes sem distanciamento de mesas para citar alguns exemplos, fora os que insistem em realizar pequenos eventos em suas residências como se estivessem em tempos normais. Na minha humilde opinião, falta-lhes consciência coletiva e cidadania. Não posso entender tais comportamentos que demonstram total falta de solidariedade com os que aqui moram. Pensei que a pandemia tivesse criado novos comportamentos mas para minha decepção, uma parte da população continua alheia ao sofrimento que nos devasta.

Tal comportamento com falta de zelo pelo próximo e pelos protocolos de segurança tem sido mostrado nos meios de comunicação no Brasil e no exterior. Sabemos que a retomada do turismo vai se der por via terrestre, em carros, com famílias ou pequenos grupos, em locais perto de nossas residências e levando em consideração como as empresas se comportaram durante a pandemia, sobretudo em ações de solidariedade. As pessoas vão ficar com receio de visitar uma cidade onde parte da população descumpre abertamente as formas indicadas para se prevenir do vírus. As autoridades precisam urgentemente inibir tais comportamentos com fiscalização efetiva e aumento das campanhas educacionais. Entendo ser vital reforçar com ações educacionais e pontuais a necessidade de adoção obrigatória de mascara, sabendo inclusive que os países que a usaram previamente conseguiram reduzir o número de infectados.

O Rio de Janeiro precisa manter acesa em cada morador, de alguma forma um sentimento de autoestima e de preservação, para ajudar no combate a pandemia. Sei que vivemos momentos de fragilidades administrativas e politicas em todas as esferas, mas não podemos desistir nunca. Nossa imagem não pode se agravar ainda mais por pessoas irresponsáveis que parecem viver em outro mundo.

 

Tenho muita fé que num futuro próximo, avançaremos no encontro de uma vacina, mas conclamo a todos que aqui vivem que, por favor, observem as medidas de segurança e desenvolvam ações de solidariedade para os mais vulneráveis. Não pensem, por favor, que é uma gripezinha…

 

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, cidadão do mundo, escritor e trabalha voluntariamente no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.

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