A gastronomia e os meios de hospedagem são dois grandes pilares do turismo brasileiro – e correspondem a cerca de 60% da força de trabalho do setor, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Na última década, a valorização da culinária regional fez surgir centenas de festivais gastronômicos pelo país e criou um novo nicho de mercado: o turismo gastronômico. Da mesma forma, o avanço do número de turistas pelo país – foram mais de 200 milhões de viagens no ano passado – multiplicou os meios de hospedagem.
A economista Fernanda de Barros, de 36 anos, costuma dizer que viagem perfeita só acontece quando “se hospeda bem e se come melhor ainda”. Na sala de casa, em um painel de cortiça, fixa as fotos dos pratos que experimentou com alfinetes coloridos. Em outro painel, no quarto, estampa imagens dos resorts e pousadas que já experimentou. “Sempre procuro destinos que, além de seus atrativos, possam me oferecer um meio de hospedagem sob medida e opções de alimentação que me permitam conhecer um pouco mais do Brasil”, disse. “São os serviços mais importantes para quem viaja”, afirma.
Os grandes números do turismo mostram como os segmentos de alimentação e hotelaria evoluíram na última década. O faturamento do setor de alimentação, por exemplo, mais que dobrou nos últimos seis anos: passou de R$ 76 bilhões em 2009 para R$ 153 bilhões até meados deste ano, de acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). As despesas com alimentação estão atrás apenas do transporte – e compõe uma parcela abastada da composição dos gastos dos viajantes, de acordo com o Ministério do Turismo. Em pesquisa realizada pelo ministério durante a Copa do Mundo, a gastronomia foi avaliada positivamente por 93,2% dos estrangeiros entrevistados. Os bares e restaurantes , por sua vez, são responsáveis por cerca de 1,5 milhão de empregos formais, de acordo com a Abrasel.
Os meios de hospedagem também acumulam grandes conquistas ao longo dos últimos anos. Além de receber investimentos cada vez mais volumosos: eram R$ 6,6 bilhões há cinco anos e hoje está em R$ 13,38 bilhões, o segmento gera cerca de 400 mil empregos diretos e 1,5 milhão de ocupações indiretas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). Com o foco em habitações de médio conforto, o segmento cresceu em média 7,5% ao ano na última década, de acordo com o presidente da ABIH nacional, Nerleo Caus. Entre as grandes bandeiras do segmento estão a ampliação do parque hoteleiro no país e a regulamentação do trabalho de curta duração, de acordo com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), entidade que representa o setor.