Conhecer diversas baladas com um grupo animado de pessoas de várias partes do mundo, por um preço fixo e atraente. Este é o mote do pub crawl, um conceito de balada para turistas que chegou ao país na última década, e tem atraído, cada vez mais, a atenção de brasileiros e estrangeiros. Pagando um ingresso único, os participantes passam por vários bares, a pé, de van ou ônibus, em uma mesma noite. Em cada um dos locais têm acesso a bebidas e petiscos, incluídos no pacote, e são apresentados entre si, encerrando a noite em uma boate ou casa noturna.
O pub crawl é uma experiência importada. O empresário baiano Jau Neto foi um dos pioneiros a adaptar a ideia no Brasil, após passar uma temporada morando na Austrália e na Nova Zelândia. O turismo por baladas, porém, se adaptou à realidade de cidades brasileiras como São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba e Búzios. Em alguns casos, o transporte está incluído e as entradas são vendidas diretamente em hotéis; em outros, um fotógrafo contratado acompanha o grupo para registrar os melhores momentos da noite. A economia com o pacote pode chegar a R$ 100, de acordo com uma empresa em São Paulo, que já conduziu 40 mil participantes pelos principais bares e casas noturnas da capital.
No pub craw de Salvador, o ticket de R$ 60 pode ser comprado em hotéis e albergues parceiros e pelas redes sociais. “A van passa por volta das 20 horas nos hotéis para pegar os participantes, que em sua maioria são turistas estrangeiros. Vamos de quatro a seis casas noturnas por noite, com estilos musicais diferentes, em bairros como Pelourinho, Rio Vermelho, Pituba e Barra”, disse o empresário Jau Neto. “Ainda tem a vantagem de que poder beber sem se preocupar com dirigir”, completou.
A turista argentina Trinidad Gonzáles, de 28 anos, conheceu a experiência após conversar com uma amiga que viajou para a Europa. “Quando cheguei a Salvador e soube que havia pub crawl, quis participar. Eu estava sozinha em uma cidade que não conhecia. Foi uma ótima oportunidade de conhecer pessoas e ir para as melhores casas noturnas da cidade”, disse. Para ela, outra vantagem é não precisar se preocupar com o taxi ou a escolha das baladas, porque o roteiro já é selecionado.
Em São Paulo, uma empresa relatou que o número de adeptos varia de 40 a 150 por noite. Desde 2011, ela já ofereceu mais de 600 passeios, de 72 nacionalidades diferentes. O único pré-requisito para participar é ter mais de 18 anos. A Rua Augusta e o bairro da Vila Madalena, locais que abrigam uma grande concentração de bares e casas noturnas, são as rotas dos viajantes, em dias alternados. “Como as baladas nestes bairros são próximas, o deslocamento acontece a pé”, disse Paula Castanho, sócia de uma empresa que oferece a experiência. “O ticket custa em média R$ 40 para mulheres e R$ 60 para homens, incluindo uma hora de open bar de cerveja, drinks, além da entrada gratuita em bares e casas noturnas”, disse.
Segundo Paula, a vantagem econômica do pub crawl também tem atraído os paulistanos, principalmente para comemorar aniversários e despedidas de solteiro. “Se fosse pagar todos os ingressos e as bebidas que estão incluídas no nosso pacote, o participante com certeza gastaria mais”, disse.
Uma pesquisa do Ministério do Turismo aponta que a diversão noturna foi um dos itens com melhor avaliação dos estrangeiros que vieram para a Copa do Mundo: 93,4% dos entrevistados aprovaram a vida noturna das cidades visitadas. Para o diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo, José Francisco Lopes, a satisfação revela um grande potencial a ser explorado. “O Brasil é um dos países mais ricos do mundo quando se trata de cultura e hospitalidade. Estamos trabalhando para a inovação e a qualificação dos nossos serviços”, disse.
Para o blogueiro paulistano Rafael Leick, de 29 anos, o serviço é interessante até para as pessoas que não gostam de bebida alcoólica. “Participei do pub crawl em Curitiba em agosto do ano passado. Foi bem divertido, com clima descontraído. O mais marcante foi a interação do pessoal, as brincadeiras, o clima de diversão”, disse. Apesar da passagem por cada estabelecimento não ser demorada, Rafael disse que conseguiu aproveitar o melhor de cada ambiente. “Você fica um pouquinho em cada lugar, mas a proposta é justamente essa”, disse.