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África

Tour gratuito em Nova Orleans, nos Estados Unidos, leva turistas a casarões de celebridades


‘Tomem cuidado, porque aqui os motoristas não estão acostumados com pedestres, e podem se aproximar demais para vê-los de perto.’ O comentário sarcástico do guia Denver me pareceu exagerado. Afinal, estávamos no pacato Garden District, bairro residencial de Nova Orleans, com pouca movimentação de carros e extremamente convidativo a caminhadas.

Pois não é à toa que, todos os fins de semana, a esquina das ruas Washington e Prytania vira ponto de encontro do “free tours by foot”, um passeio grátis oferecido por uma companhia de turismo local. Denver se apresenta, dizendo que é guia formado e que passou por algumas provas para ser contratado para este trabalho. E garante que, durante as próximas duas horas, vai mostrar ao grupo de 15 pessoas que sabe muito bem do que está falando. E olha que Denver fala sem parar.

Para chegar até lá, pegamos o bondinho verde-oliva da linha St Charles e saltamos na esquina com a Rua Washington. Limitado pelas avenidas St Charles, ao norte, Magazine ao sul, Jackson a leste e Louisiana a oeste, o Garden District tinha originalmente terrenos bem maiores, com fazendas ao estilo das que vimos no filme “E o vento levou” (1939), chamadas aqui de plantations. Mais tarde, as propriedades foram divididas em lotes menores. Quem se interessou por eles foram famílias americanas ricas, que não queriam morar no centro histórico da cidade, o French Quarter, ao lado de descendentes de imigrantes europeus e africanos, os creoles.

O passeio guiado começa no “Cemitério Lafayette No.1”, de 1833, que é uma atração mais para os americanos, acostumados a enterrar seus mortos em cemitérios-jardins, onde só se vê a lápide. O Lafayette tem túmulos acima do nível do chão, como a maioria dos cemitérios católicos do Brasil, e por isso ganhou o apelido de “Cidade dos Mortos”. O local guarda tumbas e mausoléus de veteranos da Guerra Civil Americana, de famílias ilustres da cidade e também de gente comum.

Mas o que atrai os turistas para o Garden District são as mansões. Entre alamedas arborizadas e ruas estreitas, o visitante tem a chance de observar os diferentes estilos arquitetônicos grego, renascentista italiano, francês, vitoriano desse bairro desenvolvido entre 1832 e 1900 e considerado uma das regiões tipicamente sulistas mais preservadas dos Estados Unidos.

O guia nos mostra a mansão que pertenceu ao ator Nicolas Cage e à escritora de bests ellers Anne Rice (de “Entrevista com o vampiro”). Aliás, nessa região de raízes aristocráticas, famosos não faltam. A atriz Sandra Bullock ainda é a dona de uma casa na esquina da Coliseum. Denver conta que o ator John Goodman já cruzou com turistas de um grupo guiado por ele.

E passamos pela frente da residência em que o astro do futebol americano Peyton Manning cresceu, e, mais adiante, à casa onde o personagem de Brad Pitt mora no filme “O curioso caso de Benjamin Button” (2008).

A opulência na região pode ser percebida pelo tamanho das propriedades, suas fachadas e por grades de ferro fundido à mão. O mais famoso e fotografado deles fica na esquina das ruas Fourth e Prytania, na casa que foi do coronel Robert Short, comerciante do Kentucky que fez fortuna com a indústria do algodão: toda a divisa entre o jardim e a rua é um milharal forjado em ferro.

Diz a lenda que a grade foi feita assim, para agradar a mulher do coronel, que tinha saudades dos campos de milho de sua terra natal, o estado de Iowa. Denver diz que, apesar de essas casas serem irresistíveis para muitas pessoas, comprar uma delas pode se tornar uma grande dor de cabeça, já que sua manutenção é caríssima até para os padrões dos ricaços que vivem por aqui.

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