Nenhum setor é tão sensível à variação cambial como a aviação comercial. Cada lufada no câmbio elevando o dólar tem o efeito de um tsunami arrasando todos os ajustes, cortes, ginásticas financeiras feitas pelos executivos do setor.
Quem opera no doméstico e não tem Edge em receita de moeda forte fica ainda mais vulnerável. O que ocorre no setor da aviação comercial é desastroso, principalmente quando itens fabricados no Brasil são dolarizados, como é o caso do combustível de aviação. Apesar de grande parte ser refinado no Brasil, a moeda é o dólar.
O quadro fica mais grave quando grandes partes das empresas brasileiras que operaram rotas internacionais se dedicaram, nos últimos anos, a transportar brasileiros que lotavam seus aviões, encolhendo as vendas no exterior. No passado, as empresas de bandeira vendiam tão bem fora que tinham um Edge mais sólido.
Enfrentamos nas ultimas décadas uma reconstrução da aviação comercial brasileira com o fim da Varig, Vasp e Transbrasil. Agora, a Tam, Gol, Avianca e a Azul encaram uma tsunami ainda maior. Não há capital que enfrente tamanha adversidade cambial e crise econômica. Não há gordura financeira que feche as contas e resista a um balanço tão vermelho. O Brasil precisa do modal aéreo como nenhum outro país continental. Fomos incapazes de desenvolver ferrovias e outros meios de transportes. Dependemos das nossas aéreas.
Com 12 bilhões de prejuízo, o que futuro nos reservará?
A solução é rever urgentemente o custo Brasil. A nossa cascata tributária é desumana. A nossa infraestrutura na questão da navegação aérea precisa ser modernizada e os aeroportos privatizados esfolam as aéreas com mais sabor do que a estatal Infraero.
O Poder concedente precisa ficar atento ao equilíbrio financeiro dos concessionários. O transporte aéreo comercial é uma concessão pública. Precisamos de empresas aéreas sadias e fortes. Elas não podem ficar vulneráveis a esta equação de crise e fecharmos os olhos como se nada estivesse acontecendo.