PUBLICIDADE

- INVISÍVEL

Airbnb começa a oferecer hospedagem em Cuba


O Airbnb, portal de aluguel de casas e apartamentos, começou a oferecer nesta quinta-feira opções de hospedagem em Cuba, no mais significativo movimento de uma empresa americana na ilha desde a retomada das relações entre os dois países após 50 anos de isolamento. O site já tem cadastradas 1 mil propriedades no país, sendo que 40% estão concentradas na capital Havana e o restante em destinos turísticos como Cienfuegos, Matanzas e Santa Clara.

Nos últimos três meses, a empresa enviou representantes a Cuba para inscrever proprietários no site. Inicialmente, o serviço só está disponível para os viajantes americanos, mas o Airbnb disse que vai pedir uma autorização para expandir a turistas de outros países.

— Acreditamos que Cuba pode se tornar um dos maiores mercados da Airbnb na América Latina — disse à AP Kay Kuehne, diretor regional do Airbnb. — Na verdade, estamos nos associando a uma cultura existente de micro-empresa em Cuba. Os anfitriões em Cuba vêm fazendo há décadas o que só começamos a fazer há sete anos.

Um dos elementos mais desenvolvidos e importantes do setor empresarial de Cuba é uma rede de milhares de quartos privados e casas para turistas. Desde a crise econômica pós-soviética da década de 1990, as “casas particulares”, no estilo bed & breakfast, tornaram-se alternativas aos hotéis estatais de Cuba, pouco modernizados.

A iniciativa do Airbnb pode ser uma das mais importantes em termos de colocar dinheiro nos bolsos dos cubanos e reforçar uma economia estagnada, as principais metas da administração Obama na retomada das relações com Cuba.

— Acho que isso vai ajudar os nossos negócios a prosperarem, para que haja uma melhora definitiva, não apenas os negócios privados, mas tudo aqui — disse Israel Rivero, dono de um apartamento impecavelmente renovado no centro de Havana. Ele cobra US$ 25 por noite por quarto, mas o preço subirá para US$ 30 no Airbnb para cobrir taxas e despesas de câmbio.

Desde que a retomada das relações foi anunciada, diversas empresas americanas já demonstraram interesse na ilha. Em fevereiro, a empresa de telecomunicações IDT, sediada em Nova Jersey, e estatal cubana ETECSA acordaram conectar chamadas de telefone dos Estados Unidos diretamente para Cuba. Anteriormente, elas eram encaminhadas através de países terceiros, como a Itália e Espanha.

Netflix, MasterCard e American Express também desbloquearam seus serviços em Cuba, mas poucos cubanos têm conexões rápidas o suficiente para streamings de vídeo, e a maioria dos emissores de cartões de crédito ainda proíbem transações de Cuba, o que faz as iniciativas parecerem simbólicas até o momento. Grandes companhias aéreas dos Estados Unidos também manifestaram interesse em voar para a ilha, incluindo JetBlue (JBLU), Delta (DAL) e United (UAL).

Mesmo baseada numa prática local, a iniciativa do Airbnb também enfrentará percalços, incluindo acesso à internet, as opções restritas de pagamento e ainda o possível embargo dos EUA. Os anfitriões devem enfrentar dificuldades em manterem-se atualizados sobre as reservas e pedidos, devido ao serviço de Internet lento do país e ao acesso irregular à Web. Além disso, oficialmente, os americanos não podem fazer turismo em Cuba. Para ir à ilha, eles ainda precisaram obter uma licença de viagem, qualificada em 12 motivos enunciados pelo governo dos EUA, como negócios, estudos, religiosos ou culturais.

E depois, ainda há o fato de que os americanos não podem usar seus cartões de crédito em Cuba, o que torna impossível para o Airbnb e outras empresas aceitarem pagamentos on-line. De acordo com a Bloomberg, a fim de tornar a sua expansão possível, o Airbnb está trabalhando com uma empresa de remessas de dinheiro na Flórida, que faz os pagamentos aos anfitriões em nome da empresa.

A companhia registrou um aumento de 70% nas buscas de americanos por acomodações da ilha, à frente de destinos como Rio, Buenos Aires e Cidade do México. As ofertas até agora no site variam de US$ 23 por noite em um “lindo quarto colonial” no centro de Havana até US$ 1 mil por noite em um chalé com piscina nos arredores da capital para 10 pessoas.

E as cifras podem crescer ainda mais, sobretudo se forem suspensast todas as restrições ao turimos impostas pelo embargo. Segundo estimativas da Sociedade Americana de Agentes de Viagens (ASTA), que rerpesenta 80% de todas as viagens vendidas nos EUA através de agências de viagens, pelo menos dois milhões de americanos a mais visitariam Cuba até 2017.

Antes do anúncio de dezembro, a média de visitantes dos EUA para a ilha era de cerca de meio milhão de pessoas, em sua maioria os cubano-americanos, que desde 2009 já não têm limitações de viagens. Tudo isso quando a capacidade hoteleira da ilha é de 60 mil quartos.

Questionado sobre a expansão, o Departamento de Estado dos EUA disse que “aplaude os esforços para ajudar o povo cubano, incluindo o setor privado nascente, e tirar proveito de novas oportunidades para levar Cuba a uma maior abertura e prosperidade”.

PUBLICIDADE