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Bayard Boiteux: O ClubHouse , a nova rede social de vozes

Numa dessas manhãs de sem confinamento, recebo uma mensagem de um amigo me convidando para uma nova rede social. Com uma curiosidade intelectual, muito aguçada, entro no link e começo a fazer minha adesão Havia buscado informações prévias e descobri ser uma rede de vozes.Teoricamente,para dar vozes a todos de forma indiscriminada ,embora hoje a única forma de ingresso seja um convite de um membro, que se responsabiliza por quem indica e pode ser retirado da rede caso que  seu “afilhado” cometa alguma falta grave, nos “guidelines” previstos. Haja responsabilidade e cuidado! Falo do ClubHouse.

Já membro começa a descobrir um mundo de grupos e moderadores, que buscam discutir inúmeros assuntos, dos mais simples e corriqueiros a grupos filosóficos, que conversam com possibilidade de expressão de qualquer um. Sinto que há muita informação e conhecimento perdidos que encontraram um espaço para falar, se apresentar e até sair da solidão para conviver com a multidão. Sem poder postar fotos ou textos, toda a comunicação nasce das intervenções espontâneas nos diferentes momentos do dia.

Ao abrir uma sala ou criar um evento, um mundo de seguidores aparece ou apenas alguns. Inicia-se um processo de troca, de uma riqueza única, pois além de depoimentos traz experiências e relatos repletos de curiosidades, lutas ou apenas de vontade de mostrar que as vozes existem e podemos soltá-las para que sejam ouvidas de forma democrática e com respeito.

Em cada um dos espaços, surgem moderadores. Alguns muito preparados, feitos para interagir com opiniões diferentes e que podem provocar ou simplesmente suscitar novos questionamentos em cada um de nós. Outros pretendem vender serviços e assim criam formas de avaliação on line de instagram, vozes, etc ´para direcionar as pessoas para seu instagram, onde são ofertados workshops e cursos, geralmente pagos. Alguns com o ego inflado pretendem vomitar seus preceitos entre amigos, que fazem parte do espaço e dificultam que outros possam colaborar. Há os que simplesmente criam os momentos previamente e com microfone aberto e que nos trazem emoções únicas. Outro dia, aprendi que para deficientes visuais que ali se encontram ,é necessário uma descrição prévia das fotos que aparecem, para que se possa realmente ter contato real.

É tudo muito novo, é um mar de descobertas diárias, é um carinho que vem à tona entre pessoas que não se conhecem, mas que podem fora da rede aprofundar suas relações e quem sabe criar comunicações de afeto e de trabalho. Há vários conhecidos e famosos que contribuem. Na audiência apenas ouvindo, o que é possível ou levantando a mão para falar e ficando numa fila de espera, que nem sempre tem sido respeitada.

São tantos grupos e tantas verdades sendo compartilhadas, que precisamos escolher nichos ou entrar naqueles que nos são totalmente desconhecidos para de aculturar e partir para um grande abraço, em vários idiomas, com vários pontos de vista. É uma viagem em tempos de pandemia com pessoas do mundo inteiro, brasileiros que aqui moram ou residentes no exterior.

O turismo tem estado presente. Num primeiro momento, o forte são dicas de viagens, relatos ou “perrengues”, como a brasileira Mariana, uma baiana que reside em Paris, mas voltou para passar a quarentena com a família e tem contribuído muito para a democratização da rede. Há alguns que se aproveitam, no bom sentido, das informações que dão para de alguma forma monetizar, oferecendo pacotes ou convidando para seus espaços de comercialização. Falta ainda um espaço de discussão real do fenômeno turístico, como me sinalizou outro dia, o Ser Gentileza, um e aluno que foi candidato ao Prêmio Nobel da Paz, ela revolução que causa no mundo com a forma adequada de tratar o outro.

O espaço está aberto e temos que aproveitar a oportunidade para nos apropriarmos do que nos parece interessante e aonde possamos estar presentes, muito mais como ouvintes, prontos para saborear a vivacidade do que nos é trazido e apresentado.

O ClubHouse veio para ficar e com certeza vai trazer modificações em outras redes já segmentadas. Fica a dica! Tomara que alguém se lembre de você e lhe envie um convite.

 

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, pesquisador, escritor, consultor, funcionário público e trabalha voluntariamente no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.(www.bayardboiteux.com.br)

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